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Escola da OSPA 50 Anos | Entrevista com Evandro Matté

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Crédito da imagem: Sofia Cortese / Entrevista: Maurício Paz

Em 2022, a Escola de Música da OSPA – Conservatório Pablo Komlós completa 50 anos. Para a ocasião, conversamos com músicos com passagem pela fundação que fazem da arte um objetivo profissional. Ao longo do ano, em celebração à data, serão publicadas entrevistas com ex-alunos que deram à música um protagonismo em suas vidas.

Ninguém imaginou o impacto que os acordes de uma banda marcial teriam na vida de um jovem de Caxias do Sul, aos sete anos. Mas foi justamente o que despertou em Evandro Matté a paixão de mais de quatro décadas inteiramente dedicadas à música. A apresentação do grupo em sua cidade natal foi o primeiro passo para uma trajetória musical consolidada na Escola da OSPA e posteriormente reforçada na própria orquestra – como trompetista, maestro e diretor artístico.

Conheça agora a história de Evandro Matté na entrevista abaixo!

1) Como você iniciou na música?

Eu estudava numa escola em Caxias do Sul que tinha uma banda marcial. E, aos sete anos, assisti à banda pela primeira vez, voltei para casa e falei para a minha mãe: ‘‘eu quero tocar na banda’’. Então ela me levou lá. Deram-me um trompete, que era o instrumento menor. Eu era muito pequenininho, então era o que eles tinham à disposição. Foi dessa forma que eu comecei na música.

2) Quando você ingressou na Escola e como foi esse processo?

A minha história com a Escola de Música da OSPA começou quando eu tinha 13 anos. A banda em que eu tocava em Caxias do Sul, que era a banda marcial, fez uma excursão para Gramado, e eu fui prestigiar a OSPA. Pela primeira vez na vida, eu assisti a uma orquestra ao vivo, sendo regida pelo famoso maestro Eleazar de Carvalho. Naquele dia eles tocaram a ‘‘Nona Sinfonia’’ de Beethoven, que me impactou muito. Ao final do concerto eu subi ao palco e fui falar com o trompetista para perguntar como se fazia para entrar na orquestra. Ele olhou para mim e disse: ‘‘olha, você precisa estudar muito e, um dia, quando abrir concurso, vai poder entrar’’. Então, eu perguntei para ele como eu fazia para estudar, e ele me explicou que a OSPA tinha uma escola e que sempre, entre fevereiro e março, havia um processo seletivo. Aos 17 anos, então, eu terminei o Ensino Médio, vim a Porto Alegre para fazer Engenharia Civil para ‘‘enganar’’ a família e, no mesmo dia em que eu comecei o curso, iniciei na Escola da OSPA – era 7 de março de 1987.

3) Qual o papel da Escola da OSPA – Conservatório Pablo Komlós na sua vida?

A Escola de Música da OSPA foi fundamental. Foi dentro da Escola que acendeu a chama e o desejo de tocar numa orquestra sinfônica. Eu estudei apenas dois anos no Conservatório e, aos 19 anos, fiz o concurso para a OSPA, sendo aprovado para ingressar. Então, a oportunidade que a Escola me deu foi fundamental para que eu pudesse ingressar como músico na vida profissional.

4) Qual personagem na Escola foi fundamental para o seu desenvolvimento?

A Escola da OSPA tinha muitos profissionais e professores de altíssimo nível. Com todos eles, de alguma forma, eu aprendi algo. Todos, inclusive os de outros instrumentos, contribuíram para que eu pudesse evoluir e crescer como músico e ser humano. Do ponto de vista do trompete, foi fundamental o professor José Maria Barrios, que foi com quem estudei durante aquele período.

5)  Houve algum momento na Escola que lhe marcou? Qual seria?

Acredito que um momento marcante foi a primeira vez que eu tive a oportunidade de solar diante de uma orquestra, e isso só aconteceu por conta da Escola da OSPA. Foi graças a um destes eventos promovidos pelo Conservatório que eu toquei uma peça junto com um grupo de cordas. 

6) Como diretor artístico da OSPA, o que foi feito nos últimos anos para aprimorar o desenvolvimento educativo da Escola?

Foram grandes e inúmeras as conquistas que tivemos na nossa Escola nos últimos anos. Nós passamos de um espaço restrito, sem condições adequadas para a sua finalidade, e fomos para o Palacinho – Palácio do Vice-Governador. Nos últimos anos também foi ampliado o quadro de professores, de instrutores e, consequentemente, o de alunos. A Escola da OSPA deu um salto nos últimos dez anos em relação a atendimentos. Além disso, criamos a OSPA Jovem, o Coro Jovem e os concertos ‘‘Escola da OSPA na Comunidade’’, que é um projeto maravilhoso realizado em toda a comunidade da Grande Porto Alegre, em que os alunos levam música de concerto à nossa sociedade.

7 Qual a importância de uma escola de música chegar a 50 anos no Brasil?

Chegar aos 50 anos de vida com uma estrutura pública e de forma totalmente gratuita é extremamente importante. Esse é um dos fatores fundamentais, porque damos a oportunidade a quem não tem condições. Além disso, existe uma questão cultural: a Escola oportuniza educação também àqueles que optam por não seguir um rumo profissional na música. Ou seja, garante um processo de aprendizado, de conhecimento, de agregação cultural aos alunos – a todos que passam por lá. Por isso eu acredito que chegar aos 50 anos significa que o trabalho é bem feito, que dá resultado, caso contrário ela não estaria presente e não teria formado tanta gente que hoje trabalha com música no mundo inteiro. Nós temos músicos que passaram pela Escola e que hoje são professores em universidades do Brasil e do exterior. Nós temos músicos que fazem carreira e que saíram daqui. Isso sem falar de muitos dos músicos da própria OSPA, que vieram da Escola. Então existem muitos fatores que tornam necessária uma estrutura como a da Escola da OSPA. 

OSPA - Orquestra Sinfônica de Porto Alegre