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Em 20/11, OSPA e convidados apresentam o concerto “Cinquentenário do Dia da Consciência Negra”

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As músicas de “Porgy and Bess”, de Gershwin, serão interpretadas por três cantores líricos e pelo Coro Sinfônico da OSPA 

Em 2021, celebramos os 50 anos do 20 de Novembro, o Dia da Consciência Negra, e a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) organizou uma programação intensa para preservar, difundir e valorizar as histórias, as memórias e as tradições do povo negro. No âmbito da música de concerto, essa contribuição ainda precisa de muito resgate e valorização. Por isso, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) programou um concerto especial para o dia 20, com quatro solistas negros: o pianista Marcos Aragoni e os cantores Saulo Javan (baixo), Edna D'Oliveira (soprano) e Geilson Santos (tenor). A apresentação tem regência do maestro e diretor artístico da OSPA Evandro Matté, e será também a primeira do ano com a participação do Coro Sinfônico da OSPA.

A orquestra se apresenta todos os sábados, às 17h, na Casa da OSPA, com transmissão ao vivo pelo canal da orquestra no YouTube. O ingresso pode ser trocado por 1kg de alimento não perecível (veja detalhes no serviço abaixo). É obrigatória a apresentação de comprovante de vacinação.

Cantores de grande renome na cena lírica brasileira, Saulo, Edna e Geilson interpretarão músicas da ópera “Porgy and Bess”, de George Gershwin. Síntese inovadora de técnicas orquestrais, jazz e folclore, essa obra revolucionária estreou em 1935 em Nova York e obteve sucesso imediato com canções que entraram para o cânone americano como “Summertime”, “A Woman is a Sometime Thing”, “It Ain’t Necessarily So”, "Bess, You Is My Woman Now" e “I Got Plenty o’ Nuttin”. Por insistência de Gershwin, o elenco foi composto apenas de artistas negros. Atualmente, há muito debate em torno da representatividade da obra, que no entanto, foi fundamental para abrir caminho para protagonistas negros nos palcos norte-americanos. 

“É uma obra que traz para a ópera elementos do jazz e do blues, que são dois estilos musicais muito fortes originados na cultura negra”, pontua o maestro Evandro Matté.

A OSPA executa a versão para concerto da ópera (sem elementos teatrais). Nela, a soprano Edna D'Oliveira interpreta as três personagens femininas: Clara, cantando “Summertime”, Serena, na canção “My Man's Gone Now” e Bess, no dueto "Bess, You Is My Woman Now". Edna é uma das mais importantes sopranos líricos do Brasil e mantém projetos ligados à questão racial. “Na pandemia teve muita discussão sobre racismo, mas ainda pouco se fez para criar oportunidades para cantores negros. Ainda é extremamente significativo, num país onde a diversidade tem sido discutida, cantar ‘Porgy and Bess’ no dia 20 de novembro”, comenta a cantora.  

Além do trio solista, 47 vozes do Coro Sinfônico voltam a cantar presencialmente depois de quase dois anos. Após 18 meses ensaiando à distância, os cantores retomaram os ensaios presenciais em 5 de outubro, seguindo rígidos protocolos e sob a orientação do regente Manfredo Schmiedt. Os cuidados serão mantidos durante a apresentação, quando os cantores usarão máscaras e ocuparão os balcões da Sala Sinfônica ao invés de dividirem o palco com a orquestra. 

Rivalizando com “Porgy and Bess” pelo posto de “obra-prima” de Gershwin, “Rhapsody in Blue” também será executada pela OSPA. A peça instrumental carrega influências de blues e jazz. A estreia, em 1924, com o próprio compositor ao piano, foi um estrondoso sucesso catapultando Gershwin para a fama mundial e segue até hoje como uma das obras do século 20 mais executadas por orquestras no mundo inteiro. Para interpretar o solo, a OSPA recebe o músico paulista Marcos Aragoni, atual pianista oficial do Coral Lírico e das óperas do Theatro Municipal de São Paulo. 

“É um prazer poder participar dessa celebração tocando a ‘Rhapsody in blue’, uma peça muito colorida, que nessa versão que faremos une magistralmente a linguagem jazzística à música sinfônica”, afirma Aragoni.

O concerto também terá peças de compositores brasileiros. Começando por “Abertura n. 2“, do carioca Anderson Alves, que também é um dos principais maestros da nova geração brasileira. Em 31 de julho de 2021, Anderson regeu uma apresentação memorável de outra obra sua, “Fantasia para Orquestra Sinfônica” na Casa da OSPA. “A obra tem uma pequena introdução de caráter lento e expressivo que conduz ao tema principal, uma dança. Podemos destacar também alguns solos de percussão durante a obra”, explica Anderson.

O desfecho será com a versão orquestral de “Felicidade”, do mestre gaúcho Lupicínio Rodrigues, com arranjo de Dhouglas Umabel. Grande clássico do cancioneiro rio-grandense, a canção de 1947 já foi gravada por grandes nomes brasileiros, como Caetano Veloso, Moraes Moreira e Maria Bethânia.

Além disso, duas convidadas especiais, a percussionista, cantora e doutoranda em sociologia Nina Fola e a cantora Loma Pereira, prepararam uma surpresa para o público que virá em forma de homenagem ao poeta gaúcho Oliveira Silveira (1941-2009). O escritor e pesquisador da cultura afro-brasileira, que completaria 80 anos em 2021, foi um dos idealizadores do Dia da Consciência Negra. 

Evandro Matté (regente – Brasil)

É diretor artístico e maestro da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, da Orquestra Theatro São Pedro e do Festival Internacional SESC de Música, em Pelotas. Realizou sua formação musical na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na University of Georgia (Estados Unidos) e no Conservatoire de Bordeaux (França). Desde 2006, atua como regente e, como convidado, já esteve à frente de orquestras de Uruguai, Argentina, China, Portugal, República Checa, Croácia, Alemanha, Itália, Colômbia e Estados Unidos. Em 2019, foi condecorado pelo Ministério da Cultura da França pelo desenvolvimento das artes francesas em seu domínio artístico.

Edna D'Oliveira (solista/soprano)

Um dos mais importantes sopranos na cena lírica brasileira, aclamada por suas interpretações de Villa-Lobos, especialmente da “Bachiana Brasileira nº 5” e das Canções da Floresta do Amazonas, no Brasil e no festival Brazilian Classics do Arhst Center of Miami. Participou de vários festivais na Europa, EUA, Argentina, Chile e Brasil (Festivais de Manaus e Belém do Pará). É vencedora do prêmio Carlos Gomes de melhor cantora solista e já se apresentou com importantes orquestras brasileiras, como OSESP e OSB. Em 2019, foi Monisha na ópera “Tremonisha” de Scott Joplin e participou da montagem de “A Viúva Alegre” sob direção de Miguel Falabella no Theatro Municipal de São Paulo.

Na Alemanha, fez cursos de Lied e realizou concertos de Música Erudita Brasileira. Na Suíça, foi convidada pelo Atelier Chorale de Genebra para interpretar e gravar a “Missa Crioula” de Ariel Ramirez. 

Ao lado de outros artistas negros, é fundadora do Festival UBUNU Vocalis, voltado para o público de cantores líricos negros. É professora de Canto na Escola Municipal de Música do Theatro Municipal de São Paulo e na EMESP. Desenvolve também um projeto de pesquisa das Cantoras Líricas Negras Brasileiras e faz o curso de Bacharel em Fonoaudiologia.

Geilson Santos (solista/tenor)

O tenor Geilson Santos é bacharel em Canto lírico pela Universidade do Rio de Janeiro e pelo Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro. Também formou-se em Licence d’interprète no Conservatório de Música de Rouen/França.

Atualmente na França trabalha com o grupo Accentus, um dos mais importantes grupos da França. Tem se apresentado na Ópera Comique em Paris, no Theatre Royal de Versailles e no Théâtre des Arts em Rouen, entre outros espaços da França. No Brasil, participou da primeira audição da ópera “The Case Makropulosde Janacek”, com a Orquestra Petrobras Sinfônica e o maestro Isaac Karabtchevsky. Foi protagonista da ópera “Renaud de Sachinni”, em sua estreia latino-americana, na Sala Cecília Meirelles, com a orquestra OSB sob regência do maestro Bruno Procopio.

Saulo Javan (solista/baixo)

Reconhecido pela crítica especializada como um dos principais artistas de ópera do Brasil, Saulo Javan é uma presença frequente em grandes casas de concerto e teatros de ópera do país. Integrou o elenco da Cia. Brasileira de Ópera no papel de Don Bartolo em “O Barbeiro de Sevilha” por todo o território nacional e cantou a estreia mundial da ópera “Dulcinéia em Trancoso” de Eli-Eri Moura. Gravou a “Sinfonia X – Ameríndia”, de Heitor Villa-Lobos, com a Osesp, sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsky. Em 2002, venceu o Concurso de Canto Nacional Villa-Lobos. Como ator estudou com a renomada atriz brasileira Myriam Muniz na Funarte e com o ator Roney Facchini.

Marcos Aragoni (solista/piano)

Marcos Aragoni, natural de São Paulo, iniciou seus estudos com sua mãe, Maria Nascimento Aragoni. Posteriormente estudou na Escola Municipal com Sonia Muniz e Marizilda Hein. Participou de diversos cursos e festivais no Brasil e nos Estados Unidos, especializando-se em música de câmara e co-repetição. Tem atuado como solista, camerista e co-repetidor no Brasil, EUA, Portugal e França. Fez assistência de direção musical em musicais como “Evita” e “Jesus Cristo Superstar”, sendo que no último atuou também como maestro, sob a supervisão da maestrina Vania Pa jares. Tem registros discográficos com obras de câmara de Villa-Lobos, Almeida Prado e Guerra Vicente. Desde 2004 atua como pianista preparador das óperas no Theatro Municipal de São Paulo, e desde 2007 é pianista oficial do Coral Lírico do mesmo Teatro, sob a direção do Maestro Mario Zaccaro. 

Visita segura

Em acordo com as orientações do Governo do Estado do RS referentes à pandemia da Covid-19, o concerto seguirá os seguintes protocolos de segurança: ocupação reduzida da Casa da OSPA, disponibilização de álcool gel aos visitantes, medição de temperatura na entrada, distanciamento social nos espaços de passagem e na ocupação das poltronas da Sala de Concerto. O público deverá apresentar um comprovante de vacinação e usar máscara durante todo o concerto. Também é possível acompanhar os concertos da OSPA gratuitamente e ao vivo pelo canal da orquestra no YouTube e pela plataforma #CulturaEmCasa. 

Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA)
Série Casa da OSPA – Temporada 2021
Cinquentenário do Dia da Consciência Negra

Quando: 20 de novembro de 2021, às 17h. Abertura das portas: 16h.
Onde: Casa da OSPA (Centro Administrativo Fernando Ferrari – Av. Borges de Medeiros, 1.501), Porto Alegre, RS. Ingresso: INGRESSOS ESGOTADOS

Estacionamento: gratuito, no local. Classificação indicativa: não recomendado para menores de 6 anos. Acessibilidade: a Casa da OSPA oferece acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida e programas em braile. Na internet: ao vivo, gratuitamente, em youtube.com/ospaRS e pela plataforma culturaemcasa.com.br
Informações para o público: (51) 98608-0141, de segunda a sexta, das 9h às 18h.

Programa

Regente:
Evandro Matté (regente – Brasil)

Solistas: 
Marcos Aragoni (piano)
Saulo Javan (baixo)
Edna D'Oliveira (soprano)
Geilson Santos (tenor) 

Alves, Anderson | Abertura n. 2 

Gershwin, George | Rhapsody in Blue 

Gershwin, George | Porgy and Bess (excertos) 
Introduction
I. Summertime
II. A Woman is a Sometime Thing
III. My Man is Gone Now
IV. Oh, I Got Plenty o’Nuttin
V. Bess You is My Woman Now
VI. Oh, I Can’t Sit Down
- I Ain’t Got no Shame
- It Ain’t Necessarily So
VII. There’s a Boat Dat’s Leavin’ Soon to New York
- Lawd, I’m On My Way

Rodrigues, Lupícinio | Felicidade (Arr.: Dhouglas Umabel)

Textos: Oliveira Silveira

Participações especiais:
Coro Sinfônico da OSPA
Nina Fola e Loma Pereira

 Direção Artística:
Evandro Matté  

Apresentação:
Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) 

Lei de Incentivo à Cultura
Patrocínio da Temporada Artística: Banrisul e Alibem.
Patrocinadores da Casa da Ospa: Banrisul, Vero, Panvel, Grupo Zaffari e Gerdau.
Apoio da Temporada Artística: Dufrio e Sulgás.
Realização: Fundação Ospa, Fundação Cultural Pablo Komlós, Secretaria da Cultura do RS, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal – Pátria Amada Brasil.

OSPA - Orquestra Sinfônica de Porto Alegre