Obra escrita em campo de prisioneiros compreende a apresentação, que conta com três músicos da OSPA e a pianista convidada Liliana Michelsen
A programação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), fundação vinculada à Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul, apresenta uma das principais e mais singulares obras de música de câmara do século XX neste domingo, pela Série Música de Câmara. No dia 18 de setembro, às 18h, a Sala de Recitais da Casa da OSPA recebe a violinista Brigitta Calloni, o clarinetista Diego Grendene e a violoncelista Martina Ströher, músicos da orquestra, além da pianista convidada Liliana Michelsen para interpretar “Quarteto para o Fim dos Tempos”, obra-prima do compositor francês Olivier Messiaen. A apresentação é gratuita.
Escrita e estreada em um campo de prisioneiros durante a 2ª Guerra Mundial, as condições únicas da criação de “Quarteto do Fim dos Tempos” asseguram-na entre uma das mais simbólicas e destacadas obras para música de câmara do século XX. Após ser incorporado pelo exército Francês em 1939, o compositor e organista Olivier Messiaen foi capturado e transportado para um campo de prisioneiros em 1940, próximo à cidade de Dresden, na Alemanha. Na prisão, Messiaen juntou-se ao violinista Jean Le Boulaire, ao violoncelista Étienne Pasquier e ao clarinetista Henri Akoka, parceria que resultou na composição do movimento “Intermède” e, consequentemente, na evolução desta seção para uma música completa de oito andamentos. Com o aval das autoridades nazistas, foi estreada em 15 de janeiro de 1941, em apresentação para outros prisioneiros e soldados alemães.
Entre as muitas características que atestam a originalidade deste trabalho, potencializado pelas circunstâncias severamente adversas, a própria formação chama a atenção. Os quartetos de violino, clarinete, violoncelo e piano são incomuns na música de câmara, como ressalta o clarinetista e diretor da Escola de Música da OSPA, Diego Grendene: “Esta obra de Messiaen é única, composta para ser executada com os músicos que eram prisioneiros com o compositor, por isso a instrumentação não usual”.
Além de sua formação, outra característica definidora de “Quarteto para o Fim dos Tempos” é seu profundo simbolismo. “O compositor dedicou a obra ao Anjo do Apocalipse, que ergue a sua mão para o céu e diz: ‘Não haverá mais tempo’”, destaca Diego. Tendo a fé católica como tema central de quase toda a sua obra, Messiaen reforçou os significados da música em sua dedicatória, e também em seu discurso, em 1941, antes da estreia desta icônica peça do repertório de câmara: “Em primeiro lugar, este quarteto foi escrito para o fim do tempo, não como um jogo de palavras sobre o tempo de cativeiro, mas para o fim dos conceitos de passado e futuro: isto é, para o começo da eternidade, e para tal confiei no magnífico texto da Revelação”, relatou o compositor.
Série Música de Câmara
A série “Música de Câmara” foi criada em 2016 para consolidar a presença de grupos de câmara na programação da OSPA. As apresentações privilegiam repertórios diversos compostos para formações pequenas e também música contemporânea. Com entrada franca, os recitais ocorrem aos domingos, às 18h, na Sala de Recitais da Casa da OSPA. Esta é a 12ª edição na Temporada 2022.
ORQUESTRA SINFÔNICA DE PORTO ALEGRE (OSPA)
Recital da Série Música de Câmara
Quando: domingo, 18 de setembro de 2022, às 18h.
Onde: Sala de Recitais da Casa da OSPA (CAFF – Av. Borges de Medeiros, 1.501, Porto Alegre, RS).
ENTRADA FRANCA
Estacionamento: gratuito, no local.
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 6 anos.
Acessibilidade: pessoas com mobilidade reduzida.
Informações para o público: (51) 3288-1507, de segunda a sexta, das 9h às 18h.
Programa:
Messiaen, Olivier | Quarteto para o Fim dos Tempos
I. Liturgie de cristal
II. Vocalise, pour l’Ange qui annonce la fin du Temps
III. Abîme des oiseaux
IV. Intermède
V. Louange à l’Éternité de Jésus
VI. Danse de la fureur, pour les sept trompettes
VII. Fouillis d’arcs-en-ciel, pour l’Ange qui annonce la fin du Temps
VIII. Louange à l’Immortalité de Jésus
Apresentação:
Brigitta Calloni (violino)
Martina Ströher (violoncelo)
Diego Grendene (clarinete)
Liliana Michelsen (piano)
Direção Artística: Evandro Matté
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Lei de Incentivo à Cultura
Patrocínio da Temporada Artística: Gerdau, Alibem e Banrisul.
Patrocinadores da Casa da Ospa: Banrisul, Vero, Panvel, Grupo Zaffari e Gerdau.
Apoio da Temporada Artística: Sulgás.
Realização: Fundação Ospa, Fundação Cultural Pablo Komlós, Secretaria da Cultura do RS, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo. PRONAC: 192458.